Nunca na história de Campo Grande, parafraseando a já conhecida expressão do ex-presidente Lula, houve tamanha obsessão pela cassação de um prefeito. E a natureza dessa obsessão não está nas profundezas da psiquê coletiva peemedebista, mas em interesses bem mais concretos e palpáveis: a estrutura política e administrativa da prefeitura de Campo Grande e seu orçamento. Ao que parece o PMDB até agora não conseguiu assimilar o golpe que foi a derrota de Edson Giroto em 2012.
Articula-se na Câmara, e em outros poderes, brechas legais para tirar o mandato de Bernal e empossar o vice Gilmar Olarte. Trata-se de uma clara tentativa de golpe político, não podemos dar outro nome, que visa em pleno ano eleitoral retomar o controle daquele que se julgava ser o mais forte bastião do PMDB no estado (a prefeitura de Campo Grande). O fantasma de perder a prefeitura e o governo do estado simultaneamente tem causado insônia nas lideranças peemedebistas. Por conta disso o ano de 2013 foi de extremo tensionamento político, como nunca se viu no município. Mas não conseguiram cassar Bernal, que terminou o primeiro ano de mandato “aos trancos e barrancos” mas firme no cargo.
O PMDB faz uma oposição radical a Bernal como nem mesmo o PT fez às administrações de Puccinelli e Nelsinho Trad. A Câmara, então submissa ao executivo, não aprovou uma única CPI ou investigação das várias denúncias que vieram a público, tais como da Nilcatex (empresa de Santa Catarina que fornecia os kits escolares para o município nas gestões do PMDB e hoje fornece para o governo do estado, para onde “migrou” junto com Puccinelli), da RDM (empresa que cobrava débitos da prefeitura) e da privatização da água e esgoto, entre outras.
Pois essa mesma base parlamentar na Câmara, que foi omissa ao longo da gestão do PMDB, agora assume uma postura combativa e investigatória (coisa que não fizeram do passado) com a finalidade única de cassar o prefeito e retomar o controle da máquina municipal, contra a vontade da maioria da população que foi expressa nas urnas. Mesmo os eleitores de Bernal que estão decepcionados com sua gestão percebem o golpismo do PMDB e não embarcam na aventura de colocar um vice cujas qualidades e experiência como homem público, bem como suas ligações políticas, são desconhecidas da maioria.
Mas a obsessão do PMDB em cassar Bernal continua no centro das conjunturas políticas municipal e estadual, dadas as imbricações de interesses em jogo com a eleição deste ano. E para isso até conta com ajuda do jeito atabalhoado e passional de administrar de Bernal, e parte de sua assessoria, cujas ações pareceram, em 2013, objetivar “colocar mais lenha na fogueira” do que buscar uma contemporização para garantir pelo menos os dez votos necessários para barrar a cassação. Isso para descabelamento do seu líder na Câmara, Alex do PT, e perplexidade do secretário de Governo, Pedro Chaves, que tentaram em vão, até o momento, viabilizar essa base que evitaria o afastamento.
O fato é que, politicamente falando, 2014 começa do mesmo jeito como terminou 2013...
Eber Benjamim
Jornalista
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