Democracia (“demo+kratos”) é um regime de governo em que o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos (povo), direta ou indiretamente, por meio de representantes eleitos.
Em democracias representativas, como no Brasil, os cidadãos elegem representantes em intervalos de tempo, com eleições diretas, pelo sistema de votação, garantido pela Constituição Brasileira e foi assim com o atual prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), que foi eleito no último pleito com 62% dos votos, porém existem certas situações que colocam não só a democracia que nós tanto lutamos para reconquistar ao longo dos anos, prova disso é a Ditadura Militar, em risco, como toda a ordem do estado de direito.
Assisto estarrecida os últimos episódios da capital de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, tenho certeza que não só eu como milhares de cidadãos dessa cidade estão batalhando para entender de fato o que uma oligarquia que dominou por 20 anos o poder é capaz de fazer para voltar a sua dominação.
Este texto não tem como foco defender a administração do prefeito Bernal, muito pelo contrário, pois como cidadã crítica existem questões que me incomodam na atual administração, com certeza nada comparado a direita no poder por décadas, mas não posso assistir de braços cruzados o caos se instaurar no município onde escolhi para viver, exercer a minha profissão e construir a minha história de vida.
Uma mistura de indignação toma conta de mim quando abro as páginas dos jornais, acesso os sites de notícias ou leio algumas coisas nas redes sociais, pois o jogo “político” da direita é tão explícito, que como jornalista fico me perguntando quando é que irá haver limites para a grande imprensa, que deixa claro o seu papel de “quarto poder” e a serviço de quem esta, infelizmente não é toda a sociedade que entende que a mídia tem intenções claras e objetivas sempre, que ela tem lado sim e que, na grande maioria das vezes, ele não é o das minorias, não é o dos trabalhadores, muito menos dos excluídos pelo sistema capitalista consumidor.
Ainda não sei se preciso ser mais clara em relação ao papel da grande imprensa de MS, mas a mídia está a serviço dos “poderosos” e no caso de Campo Grande não existe dúvida alguma que ela está prestando um papel importantíssimo no processo de reconquista de poder da direita, dos partidos mais conservadores, dos coronéis, que não aceitam de maneira nenhuma que o Bernal tenha chegado a onde chegou praticamente sozinho, democraticamente, eleito pelo povo, com suas pernas, com sua história de luta, sem precisar destes tais, que ai já estavam acomodados, que sabiam muito bem lidar com o sistema ao longo destes fatídicos 20 anos.
Portanto quando vejo os principais movimentos sociais e sindicais montarem uma Frente em Defesa da Democracia me anima, mesmo sabendo que o jogo não é nada fácil. A união das minorias, de entidades de luta representativas, que possuem histórias reconhecidas e respeitadas não só pelas categorias, mas por uma grande parcela da sociedade, me lembra o eterno cartunista “Henfil”: “Tô vendo uma Esperança”.
E meus caros/as estou vendo mesmo essa esperança, pois estava junto com estes movimentos, que foram recriminados, que sofreram e estão sofrendo repressão e retaliação, por parte desta mídia que tanto falei acima.
Na Câmara Municipal de Campo Grande, na última terça-feira (8), foi um lindo mar de gente, de movimentos históricos, de mães, de famílias, de moradores dos bairros mais distantes e esquecidos, de jovens, de indígenas, negros, mulheres, homens, pessoas, não qualquer pessoa, Pessoas com letra maiúscula, pessoas que saem a 5 horas da manhã de suas casas para ganhar o pão honestamente, trabalhando, jovens que acreditam em outro futuro para Campo Grande, mães que querem seus filhos nas creches, nas escolas públicas de qualidade, famílias que querem minimamente serviços públicos decentes, porém com o impasse entre os poderes, com recursos bloqueados, com projetos emperrados no legislativo, enfim, com esse caos todo, estes anseios se tornam revolta e qualquer projeto político fica praticamente inviabilizado.
Para finalizar, apesar de ainda ter muita coisa na garganta, fica um questionamento simples, fácil de ser respondido: Porque será que mesmo com todo o histórico a Câmara Municipal de Campo Grande, essa mesma que está a mil a caça de Bernal, nunca levantou a bendita hipótese de caçar o ex-prefeito Nelsinho Trad (PMDB) ou os outros que lá passaram? Ou porque será que mesmo sabendo que existem vereadores na berlinda, que estão em situações complicadíssimas, explicitas em recentes crises, como a da saúde, só a administração do prefeito Bernal tem problema? Será que eu preciso responder? Creio que o sistema coronelista e ditatorial desse Estado responde por si só.
Lembremos que Alcides Bernal ainda não tem nenhum ano de mandato, ainda estava tentando arrumar a casa, organizar as coisas e colocar minimamente o seu projeto político em prática, pois nós que lidamos com administrações públicas sabemos muito bem que o primeiro ano eleito é primordial e organizacional, portanto os julgamentos foram precoces, de fato provocados por “alguém”, implantados com diversos interesses e nós temos sim que fazer uma análise crítica e questionar, porque se não seremos massa de manobra de um sistema, que pelo menos eu, dediquei minha vida para lutar contra.
Por Karina Vilas Boas – Jornalista em defesa da DEMOCRACIA plena sempre!
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