Campo
Grande tem um número de habitante de aproximadamente 800 mil, dessa população
217 mil são jovens de 14 a 29 anos (Censo IBGE 2011). São 217 mil pessoas que
convivem diariamente com a sensação de violência tão comum no município de Campo
Grande e também em todo o Brasil. No mapa da violência mundial, o Brasil ocupa
a terceira posição em questões de assassinatos de jovens, perdendo apenas para a
Colômbia e a Venezuela, mostrando assim que os países latino-americanos são os
grandes focos da violência mundial, chegando a ser 16 vezes maior que os países
da Europa.
Segundo
o Mapa da Violência 2011, Mato Grosso do Sul possui o município com as maiores
taxas médias de homicídios de jovens, chegando a 107,2 (em 100 mil) o número de
jovens mortos em Coronel Sapucaia, cidade que faz divisa com o Paraguai. Campo
Grande possui a taxa de homicídios de jovens de 60,6 (em 100 mil), a taxa de
suicídio é de 5,8 (em 100 mil) e as mortes de jovens em acidentes de trânsito
alcança a taxa de 44,8 (em 100 mil). Esses números só tendem a crescer devido à
deficiência do poder público em oferecer políticas públicas que atendam essa
parcela da população.
A
opinião popular e os meios de comunicação acabam colocando a figura do jovem de
forma estereotipada. É comum vermos a
ligação da juventude com símbolos e expressões que o acusam de ser o causador
de uma violência, que na verdade o próprio é vítima. A forma como a violência
juvenil é apresentada pela mídia sempre enfoca a vítima, por exemplo, que morre
assassinado, e este sendo referido como uma espécie de “mau elemento” deveria mesmo
é morrer já que está fora dos padrões da sociedade. Dessa forma a violência
acaba sendo transmitida como uma forma de espetáculo que atrai e dá audiência
para quem a fornece.
O
fato é que a juventude sempre torna-se a primeira e maior vítima de todo o tipo
de exclusão. A vulnerabilidade social faz dos/as jovens, alvos do desemprego, gerando
a marginalização e a exclusão da sociedade. Os/as jovens acabam por refletir a
essa situação com comportamentos de delinquência juvenil, apatia política,
inconformismo, revolta, uso de substâncias psicoativas, envolvimento em tráfico
de drogas e até promiscuidade sexual. Os que mais sofrem algum tipo de
violência, são os/as jovens pobres e esquecidos pelo poder público.
Não
podemos nos calar diante de uma situação de violência tão alarmante. A violência
em Campo Grande já tomou padrões assustadores que pouco são expostos nos
debates políticos. Já passou da hora dos/as jovens de Campo Grande terem acesso
às Políticas Públicas para a Juventude, à educação de qualidade, saúde,
assistência social, segurança pública, espaços públicos de lazer, qualificação
profissional e a expansão de atividades de esporte, cultura e lazer. A
juventude merece ser reconhecida como sujeito de direitos.
A
juventude quer viver, e não morrer, em Campo Grande. É nosso dever lutar por uma
sociedade justa, igualitária, fraterna, onde nenhum jovem, nem ninguém, seja
discriminado em razão de idade, etnia, raça, cor, sexo, estado civil,
orientação sexual, atividade profissional, religião, convicção política,
deficiência física, mental, sensorial, aparência pessoal, ou qualquer
singularidade ou condição social. Acorda Campo Grande! Chega de Violência e Extermínio de Jovens!
Walkes
Vargas
Psicólogo
Coordenador da Pastoral da Juventude
Militante da Juventude da Articulação de Esquerda do PT
Coordenador da Pastoral da Juventude
Militante da Juventude da Articulação de Esquerda do PT
Nenhum comentário:
Postar um comentário