sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A Juventude de Campo Grande está morrendo?


Campo Grande tem um número de habitante de aproximadamente 800 mil, dessa população 217 mil são jovens de 14 a 29 anos (Censo IBGE 2011). São 217 mil pessoas que convivem diariamente com a sensação de violência tão comum no município de Campo Grande e também em todo o Brasil. No mapa da violência mundial, o Brasil ocupa a terceira posição em questões de assassinatos de jovens, perdendo apenas para a Colômbia e a Venezuela, mostrando assim que os países latino-americanos são os grandes focos da violência mundial, chegando a ser 16 vezes maior que os países da Europa.
Segundo o Mapa da Violência 2011, Mato Grosso do Sul possui o município com as maiores taxas médias de homicídios de jovens, chegando a 107,2 (em 100 mil) o número de jovens mortos em Coronel Sapucaia, cidade que faz divisa com o Paraguai. Campo Grande possui a taxa de homicídios de jovens de 60,6 (em 100 mil), a taxa de suicídio é de 5,8 (em 100 mil) e as mortes de jovens em acidentes de trânsito alcança a taxa de 44,8 (em 100 mil). Esses números só tendem a crescer devido à deficiência do poder público em oferecer políticas públicas que atendam essa parcela da população.
A opinião popular e os meios de comunicação acabam colocando a figura do jovem de forma estereotipada.  É comum vermos a ligação da juventude com símbolos e expressões que o acusam de ser o causador de uma violência, que na verdade o próprio é vítima. A forma como a violência juvenil é apresentada pela mídia sempre enfoca a vítima, por exemplo, que morre assassinado, e este sendo referido como uma espécie de “mau elemento” deveria mesmo é morrer já que está fora dos padrões da sociedade. Dessa forma a violência acaba sendo transmitida como uma forma de espetáculo que atrai e dá audiência para quem a fornece.
O fato é que a juventude sempre torna-se a primeira e maior vítima de todo o tipo de exclusão. A vulnerabilidade social faz dos/as jovens, alvos do desemprego, gerando a marginalização e a exclusão da sociedade. Os/as jovens acabam por refletir a essa situação com comportamentos de delinquência juvenil, apatia política, inconformismo, revolta, uso de substâncias psicoativas, envolvimento em tráfico de drogas e até promiscuidade sexual. Os que mais sofrem algum tipo de violência, são os/as jovens pobres e esquecidos pelo poder público.
Não podemos nos calar diante de uma situação de violência tão alarmante. A violência em Campo Grande já tomou padrões assustadores que pouco são expostos nos debates políticos. Já passou da hora dos/as jovens de Campo Grande terem acesso às Políticas Públicas para a Juventude, à educação de qualidade, saúde, assistência social, segurança pública, espaços públicos de lazer, qualificação profissional e a expansão de atividades de esporte, cultura e lazer. A juventude merece ser reconhecida como sujeito de direitos.
A juventude quer viver, e não morrer, em Campo Grande. É nosso dever lutar por uma sociedade justa, igualitária, fraterna, onde nenhum jovem, nem ninguém, seja discriminado em razão de idade, etnia, raça, cor, sexo, estado civil, orientação sexual, atividade profissional, religião, convicção política, deficiência física, mental, sensorial, aparência pessoal, ou qualquer singularidade ou condição social. Acorda Campo Grande! Chega de Violência e Extermínio de Jovens!


Walkes Vargas
Psicólogo
Coordenador da Pastoral da Juventude
Militante da Juventude da Articulação de Esquerda do PT

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