quarta-feira, 25 de março de 2009

Moção de Repúdio – Pastoral da Juventude Rural


A Pastoral da Juventude Rural vem por meio deste documento tornar público um lamentável fato de discriminação racial, ocorrido ontem contra o jovem Adriano Lúcio de Almeida, de 19 anos, liderança desta pastoral desde 2006 e agente liberado desde outubro de 2008. É um jovem agente dedicado ao trabalho com a juventude camponesa e comprometido com a luta dos trabalhadores e trabalhadoras do campo. O mesmo representa a Pastoral da Juventude Rural do estado de Goiás em sua instância nacional, pela sua competência, respeito e compromisso demonstrado ao longo de sua caminhada enquanto jovem militante e comprometido com transformação da sociedade e a construção de outro mundo possível com o protagonismo da juventude.
Ontem por volta das 17:00 h, enquanto o jovem tentava trocar uma nota de R$50,00 para pagar um colar que havia comprado no Centro da cidade de um hippie, que não pode trocar a nota, um indivídio que estava em um carro do lado disse que trocaria a nota, ao descer do carro pegou a nota e disse: “Sabe que eu sou?” o jovem respondeu: “Não, eu nunca te vi”, o mesmo insistiu e disse: “Eu sou da polícia” e pediu para que o jovem entregasse a outra nota de R$50,00 que estava na carteira. O elemento para ameaçar, começou a ligar, dizendo que era para a polícia, como Adriano desconfiou, ele mesmo chamou a polícia e relatou a tentativa de assalto ou estorção. O indivíduo tentou mascarar o fato e quando a polícia militar chegou questionou à polícia sobre a quantidade de dinheiro que o jovem leva consigo. A polícia então, desconfia do jovem, deixa o indivíduo e passa a revistar Adriano, que a partir desse momento passa a ser suspeito, afinal é jovem e negro. O mesmo foi interrogado por um longo tempo, questionado sobre a sua permanência na cidade, trabalho, moradia e sobre as coisas que levava, inclusive sobre a quantidade de dinheiro.
Para nós, Pastoral da Juventude Rural é bastante difícil acreditar que por parte de algumas pessoas que fazem a segurança do nosso município ainda haja suspeita quando se trata de um jovem negro. Adriano é um jovem trabalhador, remunerado por esta pastoral para prestar serviço no estado de Goiás e não é qualquer um que perambula pelas ruas da cidade sem ter o que fazer ou sendo apenas mais um risco a segurança da população orizonense. Portanto, repudiamos esse fato e não acreditamos que isso possa passar sem nada ser feito, este jovem teve a sua dignidade ferida e, no entanto, até o presente momento nada se pode fazer.
Exigimos por parte da polícia militar, o esclarecimento deste abominável fato. Pedimos o apoio à população orizonense, para que juntos possamos travar mais uma luta contra o preconceito e em favor de uma segurança pública,que de fato seja de qualidade.

Sem mais para o momento,


Iara Ribeiro Silva
Secretária Estadual da Pastoral da Juventude Rural.
Orizona, 19 de março de 2009.

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