Venezuela tem sido, nos últimos anos, o centro das atenções políticas do mundo todo. Seja daqueles que a odeiam, seja daqueles que a amam, ou seja daqueles que buscam compreender melhor o que ocorre nesse país latino americano depois da vitória de Hugo Chávez em 1998.
É impossível compreender a Venezuela sem dar uma mirada na questão econômica, principalmente no que diz respeito ao petróleo. Venezuela possui hoje a maior reserva do mundo desse combustível tão cobiçado, principalmente pelos EUA. Antes de Chávez, a Venezuela vendia (seria melhor dizer “presenteava”) petróleo para os norte-americanos pela bagatela de 7 dólares o petróleo. Hoje o preço da venda gira em torno dos 110 dólares. Deu para entender por que os EUA odiavam tanto Chávez, e por que eles odeiam tanto a Revolução Bolivariana?
O dinheiro vindo do petróleo foi utilizado pelos governos de Chávez, e agora por Maduro, para, entre outras medidas, elevar os níveis da condição de vida da população. Uma série de programas sociais nas áreas da saúde, educação, moradia, alimentação, entre outras áreas, foram colocadas em prática imediatamente. Os resultados são notórios: Venezuela eliminou o analfabetismo, multiplicou por dez o número de matriculados nas universidades, diminui consideravelmente os índices de mortalidade, criando assim uma verdadeira legião de seguidores.
Mas a burguesia venezuelana, que mantinha relações libertinas com os EUA não gostou nem um pouco dessa história. Como não conseguiram vencer eleitoralmente o projeto bolivariano, utilizam-se de estratégias terroristas para derrubar o governo. Foi assim em 2002, e tem sido essa a pretensão de 2014: reeditar o golpe de estado de direita, apoiado e orquestrado pelos EUA.
O principal expoente dessa atual tentativa de golpe é o senhor Leopoldo López, ex-prefeito do município de Chacao, vizinho de Caracas. Este sujeito tem várias qualidades: estudou em Harward, realizou cursos com a CIA, foi condenado corrupção, afastado do cargo de prefeito e impedido de participar de eleições. Assim, só sobrou o golpe como alternativa para satisfazer suas ambições e saciar sua raiva ao chavismo.
Trata-se, obviamente, da boa e velha luta de classes. A base das manifestações contrárias ao governo é composta pelos setores da burguesia decrépita de Caracas, que possui seus filhos estudando na Universidade Central, e também por setores paramilitares de direita, localizados na fronteira com a Colômbia, onde mantêm relações estreitas com o governo fascista colombiano.
A desinformação da grande mídia, inclusive brasileira, não mostra o enorme apoio popular que goza o governo de Maduro, herdeiro direto do projeto chavista. Um mar vermelho tem tomado conta das ruas de todo o país. Ao que tudo indica, a estratégia golpista falhou novamente na Venezuela. Ao menos por enquanto. Mas as práticas da burguesia venezuelana, de estocar produtos nos depósitos para provocar desabastecimento e inflação, de manipular informações através da mídia de direita, e de incitar a violência contra o governo, seguirão.
Paulo Amaro Ferreira
Historiador e ex-funcionário do Ministério de Agricultura e Terras do governo Bilivariano
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