Não é de hoje que nos irritamos com a confusão entre os nomes dos Estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Lá se vão 30 anos da divisão do Estado decretada por Ernesto Geisel (1977), e nesta história, MS é o maior prejudicado.
Essa matéria não é novidade. Já se falaram em troca do nome de MS, mas as pessoas mais tradicionais e conservadoras tiveram suas vozes mais ressoadas no intuito de nada mudar a este respeito.
As primeiras idéias surgiram por volta do ano 2000, quando o ex-governador Zeca do PT defendeu a mudança do nome para Estado do Pantanal, levando em conta que a maior fatia (67%) da planície alagada admirada em todo o Planeta, fica em MS. Porém, naquele contexto, Zeca sofreu ataques de políticos e da própria mídia que o qualificou de oportunista, acusando-o de ter intenção de implantar a sigla PT ao Estado, mesma sigla do partido o qual é filiado.
O assunto tomou maior proporção após o capítulo da novela Insensato Coração, última sexta-feira (21), onde um diálogo entre as personagens Luciana (Fernanda Machado) e Pedro (Eriberto Leão) deu a entender que a cidade sul-mato-grossense de Bonito, a mais importante riqueza turística da região, ficaria no Mato Grosso.
Esse último fato foi o estopim, dentre tantas outras confusões praticadas nos meios de comunicação; erro crasso, também cometido por nossos amigos e parentes de outros Estados, os quais se referem ao nosso Estado chamando-o de Mato Grosso.
A confusão não fica só na revolta do sul-mato-grossense, é uma falha que reflete inclusive na economia. Isso mesmo, perdemos dinheiro com esse erro que afugenta turistas para MT. Opiniões como a do presidente da Fiems (Federação das Indústrias do Estado de MS), acreditam que um novo nome traria maiores investimentos para o MS.
Ao início de 2010, o Deputado Arroyo(PR) encaminhou um Projeto de Lei estabelecendo as regras e normas para se fazer um plebiscito em MS para discutir e votar sobre a troca do nome do Estado. O Deputado é entusiasta do nome "Estado do Pantanal", com sigla PN.
Quanto a este nome sugerido para a mudança, parte da população que mora distante da região do Pantanal, acabam por discordar, pois não tem identidade cultural com a referida região.
Acredito que a discussão deve ser feita, assim como também defende o atual governador, André Puccinelli. Um plebiscito torna democrática essa discussão, onde favoráveis e contrários poderão opinar e defender suas teses. "Estado do Pantanal" não é a única sugestão. Os nomes "Estado de Campo Grande" ou "Estado de Maracajú" (nome da principal serra que corta transversalmente MS) também ventilam entre os contrários a manutenção do nome atual.
Sobre uma coisa não me sobra dúvida: com a mudança do nome ganharemos muito, fortaleceremos nossa identidade cultural, avançaremos no turismo e, com certeza, teremos maior projeção nacional. A Rede Matogrossense de Televisão, com sede em Cuiabá, mantenedora da TV Morena, emissora da Rede Globo em MS, talvez não fará ecoar esta idéia, pois teme perder mercado publicitário. Do mesmo modo, o Governo de MT, pois passaria a perder os dividendos colhidos com este equívoco.
A mudança fortalece nosso Estado, mas contraria os interesses particulares de poucos que, sem dúvida, aparecerão camuflados de saudosismo e paixão nos discursos dos conservadores e tradicionalistas.
Vicente Lichoti
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