Quero enfatizar que todas as vezes que utilizo a palavra espiritual ou espiritualidade, é na direção da capacidade humana de construir sentido para a existência, isto é, configurar razão coerente com o derramamento da personalidade na existência, diminuindo as sabotagens a si próprias em termos de desejos, relações etc.
Por via de conseqüência, toda pessoa que vivencia gama diferente de emoções, que pede auxílio para lidar com os instantes de crise de crescimento, sabendo que não consegue dar conta de tudo e a todos, provavelmente está mantendo-se com saúde.
Dessa forma, o mundo não é inimigo, mas companheiro de crescimento, a vida objetiva das relações é campo vasto de aprendizados, reflexões, pois a estrutura de personalidade tem o dinamismo para as adaptações aos estímulos e exigências flexível, funcionando como sistema de amortecedor.
Sentir-se à vontade no mundo, percebendo que posso ousar, viver, correr riscos calculados, existindo na existência para adquirir experiência a fim de desenvolver a capacidade de resposta aos desafios, isto é, com responsabilidade, é precisamente acessar sentidos novos enquanto se estiver vivendo.
Somente se consegue acessar sentidos novos para a vida a pessoa que tem a percepção na consciência, ou seja, sente, pensa e age focada em todos os instantes diários, já que são os últimos, por exemplo:
Ao escovar os dentes, este instante não volta mais, da mesma forma ao abraçar os filhos, dedicar-se à pessoa amada, esforçar-se para adquirir conhecimento, enfim, todos os instantes são únicos, não voltam jamais. O que me leva a crer que na realidade, nascemos nos despedindo da vida.
Daí a necessidade de sentir, pensar, agir, expressar-se em todas as ações as mais rotineiras que possam parecer. Costumo afirmar que toda ação deve ser experimentada com o pensamento de que “só sei fazer isto, nada mais, então farei com entrega total de meu ser”... Quando tomar café , pense que você só sabe tomar café e é o último que está deliciando.
Estou tentando colocar nesse espaço, que saúde espiritual é perceber sentidos novos em cada instante, em cada ação vivenciada diariamente, logo se pode achá-la nas ações que cada pessoa realiza.
Quando se afasta do cultivo da espiritualidade, do sentido por intermédio de posturas materialistas, voltadas ao ego, ao apego exacerbado, bloqueia-se inibindo as energias vitalizadoras da mente, tendo a sensação de peso, cansaço, desmotivação, as coisas ficam sem graça. Sim, pois a pessoa gasta energia com futilidades tais como, trocar de bens sem necessidade, participar de grupos sociais a fim de promover-se, fazer atividades que não é competente, enfim, fazer o que não sabe, estar com quem não se tem vínculos são ações que trazem doenças as mais diversas e complexas com prognósticos pessimistas.
Termino essas reflexões com a orientação de Thich Nhat Hanh, poeta, mestre Zen e ativista da paz, autor de setenta e cinco livros, indicado para o Prêmio Nobel da Paz por Martin Luther King Jr.:
“Alguém perguntou a Buda: O que o senhor e seus discípulos praticam?
Ele responde: Nós nos sentamos, nós andamos, nós comemos.
Mas senhor, qualquer um se senta, anda e come.
Buda lhe disse: Quando nós sentamos, sabemos que estamos sentados. Quando andamos, sabemos que estamos andando. Quando comemos, sabemos que estamos comendo.”
Luiz Tadeu M. de Oliveira
Psicólogo CRP 14/04412-2
Prof. Uems – Curso de Direito.
Eterno aprendiz.
luiztadeumartins@yahoo.com.br
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